domingo, 6 de abril de 2008

Património

Um e-mail de Marta David fez me recordar um lugar onde estive no Norte deste nosso Portugal, onde encontrei uma antiga casa da família Távora. Esse lugar é Souropires, no Concelho de Pinhel, distrito da Guarda. Vou aqui transcrever o texto que se encontra no portal da Câmara Municipal de Pinhel.


"Solar dos Távoras - Souropires
Fica situado em Souropires o Solar dos Távoras, considerado monumento nacional (um dos mais importantes do concelho de Pinhel), construído no Séc. XV. Arquitectura civil residencial, renascentista. Solar de planta rectangular, com fachadas simétricas, com zona central mais baixa e lateralmente com torres. Integra capela autónoma de planta quadrada. Iluminação efectuada por frestas de lintel recto, janela com moldura decorada. Portal em arco pleno. Existência de janelas maineladas de lintel recto decorado por motivos fitomórficos e mainel de mármore com capitel de decoração vegetalista, bem como janela de ângulo com mainel de fuste canelado.Tem como características Particulares, a conjugação da estrutura medieval, corpo central ladeado por torres, com janelas renascentistas. Integração da capela como volume autónomo. Encontra-se em ruínas. Decoração de janela com meias esferas."


quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Descendências Desconhecidas

Apesar de ser divulgado que TODOS os Távoras foram executados no dia 13 de Janeiro de 1759, isso é falso, houve na realidade alguns a sobreviver. É óbvio que quando me refiro a Távoras, me refiro aos descedentes directos dos Marqueses, nomeadamente, os descendentes da 3ª Marquesa D. Leonor que, também ela, foi executada naquele dia.

Gostaria de começar pelos filhos de D. Mariana Bernarda de Távora e de D. Jerónimo de Ataíde, 11º Conde de Atouguia. A realidade é que os filhos do casal (netos da Marquesa D. Leonor de Távora) não foram executados naquele dia, tendo sido até absolvidos de qualquer crime em 1800 pelo Rei D. João VI, foram então considerados cidadãos inocentes e com tanto valor como qualquer outro cidadão. Isto que dizer que existe a possibilidade de muitos Ataídes da actualidade serem descendentes dos Marqueses de Távora.

Outro caso é aquele que me inspirou a criar este blog, o caso de D. Leonor de Lorena e Távora, também ela filha da Marquesa D. Leonor. Esta senhora não foi executada em Belém juntamente com a sua família, tendo vivido até 1790. Em 1726 contraiu matimónio com D. João de Almeida Portugal, 2º marquês de Alorna, com quem teve três filhos: D. Leonor de Almeida Portugal, 4ª marquesa de Alorna, D. Maria Rita de Almeida e D. Pedro José de Almeida, 3º marquês de Alorna. Todos estes netos da 4ª Marquesa de Távora viveram em liberdade. O terceiro dos três até inspirou José Norton a escrever o livro "O Último Távora" que fala da vida deste e de toda a família.

Isto significa que, apesar do grande esforço para apagar o legado dos Távora e de todos os cruelmente assassinados em Belém, a família continuou e existem agora inúmeras pessoas a descender desta família tão importante na sua época e tão empolgante na actualidade.

sábado, 27 de outubro de 2007

O Fim

Foi no dia 13 de Janeiro de 1759 que aconteceu. Toda a família foi retirada do seu cárcere que foi a sua casa durante uns longos quatro meses de julgamento. Julgamento esse cheio de omissões e irregularidades, julgamento que os julgou não por cometerem um crime mas por serem quem são, um julgamento que envergonha a História, um completo escandalo político já no Século das Luzes. Toda a família foi dada como culpada por tentariva de regícidio, a família dos Távora e não só, também o foram o Conde da Atouguia, o Duque de Aveiro, entre outros.
Naquele fatídico dia de azar, todos os condenados foram levados para Belém. A execução foi simplesmente horrenda, mesmo para a época. Primeiro a Marquesa Leonor de Távora foi decapitada. Em seguida foi o seu marido a cumprir a pena, tendo sido morto com golpes de maço no coração. Por fim, os restantes foram mortos pelo garrote ou queimados vivos. A tudo isto assistiu o Reformador, o Rei D. José com a sua corte horrorizada pela carnificina (afinal, os Távoras eram também eles nobres como a corte). No final do espectáculo macabro, todos os corpos foram queimados, as cinzas deitadas ao mar e o lugar foi salgado para que nada mais ali crescesse. Depois de os matar, foi altura para os apagar da História, para isso, todos os brazões das famílias foram picados, o palacio do Duque de Aveiro foi demolido e o lugar salgado (curiosamente chama-se agora "Beco do Chão Salgado", o nome Távora foi proibido (Passando alguns sobreviventes a chamar-se apenas Lorena que era o outro nome da marquesa). Alguns dias depois foi o padre Malagrida (conhecido jesuíta da época e confessor da Marquesa de Távora) executado, tendo sido queimado vivo.
Assim acabou a família Távora e o seu legado foi perdido no tempo... Ou será que não?

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

13 de Setembro de 1758 - A Detenção

Depois de criar na sua mente a conspiração regicida, chegava o momento de desvendar a mentira quanto aos ferimentos reais e deter os conspiradores. Dia 13 de Setembro de 1758 é o dia de sorte para o ávido de poder Conde de Oeiras (futuro Marquês de Pombal) e o dia de azar para os ilustres Távora. Neste dia do nono mes de 1758, Sebastião José divulga o que realmente aconteceu ao Rei (que havera sido alvo de um atentado) e divulga também os "culpados": o Duque de Aveiro e os Marqueses de Távora. Para isto, baseou-se nos depoimentos sob tortura dos alegados criminosos que atentaram contra o Rei que "confessaram" terem sido contratados pelos Marqueses de Távora que tinham o alegado intuito de elevar ao trono português o Duque de Aveiro. Para não levantarem problemas, os dois criminosos foram enforcados no dia seguinte. Deram-se então as detenções: a marquesa Leonor de Távora, o seu marido, o conde de Alvor, todos os seus filhos, filhas e netos foram encarcerados, o duque de Aveiro e os genros dos Távoras, o marquês de Alorna e o conde de Atouguia foram também presos com as suas famílias. Gabriel Malagrida, o jesuíta confessor de Leonor de Távora foi igualmente preso. A acusação era a pior imaginável em monarquia: traição ao Rei e tentativa de regicídio, as provas eram as mais óbvias que o Marquês conseguiu recolher: em primeiro lugar tinha os depoimentos dos executados criminosos, em segundo lugar a arma encontrada no local pertencia ao Duque de Aveiro, por último, só os Távoras podiam saber onde se encontrava o Rei àquela data, dado que regrassava de um encontro amoroso com uma familiar dos marqueses - Teresa de Távora, também ela presa com os outros. Restava agora colocar-lhes o baraço no pescoço mas na mente do calculista marquês isso não bastava, este caso tinha de ser exemplo!

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

3 de Setembro de 1758 - O Início do Terror

D. José de Mascaranhas herdara o título de Duque de Aveiro havia pouco tempo e pretendia que para ele passassem as comendas administradas pelos antigos duques. Instigado pelo seu 1º Ministro (Marquês de Pombal), o rei D. José recusou o pedido. Esta recusa, aliada ao ataque aos jesuítas e ainda aos sucessivos cortes de regalias aos nobres desde que Sebastião José de Carvalho e Melo assumira o poder levou a que o Duque de Aveiro conspirasse contra o rei. A lógica (formulada pelos jesuítas) era simples: se o rei morresse, o seu ministro perderia todo o poder. A solução óbvia: matar o rei. Um atentado foi planeado por D. José de Mascaranhas contra o rei D. José I.

No dia 3 de Setembro de 1758, pela calada da noite e quando D. José regressava após um dos seus encontros amorosos (com uma sobrinha dos marqueses de Távora) que o tiro foi disparado. D. José não morreu mas ficou ferido. Para evitar grandes intrigas, o futuro Marquês de Pombal divulgou a notícia de que o seu rei teria caído e por essa razão se magoara. Ultrapassada esta fase de despistar as atenções era altura de agir judicialmente. Os suspeitos eram óbvios: o duque de Aveiro que tinha tido todas aquelas desavenças com o poder régio e, por consequência, os marqueses de Távora (seus familiares e eternos inimigos do omnipotente Conde de Oeiras). Para Sebastião José de Carvalho e Melo e para o próprio Rei (que também não gostava dos marqueses de Távora devido ao caso amoroso que mantinha com uma sobrinha deles) não restaram dúvidas sobre quem acusar: Os duques de Aveiro, os marqueses de Távora e todos os nobres seus familiares.